sexta-feira, junho 12, 2009

Saudades


Tive uma experiência – a primeira - quando tinha 20 anos e queria compartilhar com vocês. Um amigo de infância (Ricardo Borges) faleceu decorrente de um acidente de moto. Até aquele dia eu não sabia o que era perder alguém tão querido para sempre. Veio à notícia por parentes de que ele não aguentou e morreu no hospital. Fiquei sem ar, achei que ia morrer também. Estava na rua quando soube, e alguém, que não lembro, me ofereceu o ombro. Chorei muito. Cheguei em casa e minha mãe não sabia o que fazer, pois como quase todos os jovens do sexo masculino, jamais havia expressado tamanho sentimento na frente de minha mãe. Fui ao velório, mas não quis vê-lo, preferi ter para a eternidade seu rosto cheio de vida. Não sabia o que me esperava. Na hora do enterro nada fazia sentido, ele se foi de verdade, não tinha mais jeito. Não era possível, meu camarada se foi. E agora o que eu faço? Chorei e me desesperei outra vez, dessa vez eu lembro quem me ofereceu o ombro, foi seu primo Barone. Acho que intimamente eu achava que a qualquer momento ele poderia levantar daquele maldito caixão.
Estou falando sobre isso pelo motivo de estar vendo a todo momento reportagens sobre o vôo da Air France. Os parentes angustiados nunca saberão com certeza se seus entes queridos voltarão. Bom ou ruim? Depende da pessoa. Alguns acreditarão que eles estarão pedidos em alguma ilha desconhecida do atlântico e um dia serão achados com vida, outros sofrerão imaginando como seria dar um último abraço.
Caso tenha lido esse texto até o final, abrace as pessoas que você ama o mais rápido possível, se você deixar pra depois, pode ser que não haja tempo.

2 comentários:

Tom disse...

Meu amigo:
É muito difícil lidar com a morte. Sobretudo na fase da infância e da adolescência, ao perdermos pessoas queridas.

É verdadeira essa coisa de abraçar as pessoas queridas. A maioria de nós ainda sente dificuldade para beijar e abraçar, fora do âmbito do “casal”. Que bom que hoje presencio vários de meus amigos beijando o rosto, um de cada um, até em público, com a maior naturalidade. Há poucos anos isso era absolutamente impraticável, apesar do desejo dos amigos de manifestar dessa forma o especial afeto de um pelo outro.
Ainda hoje muitos ficam encabulados quando um grande amigo os abraça com grande afeto e os beija no rosto. Mas, no fundo, o desejo é retribuir da mesma forma. Isto é coisa que precisa ser repensada e encarada naturalmente.
Eu, graças a Deus, tenho alguns grandes amigos e amigas que, quando encontro, é uma delícia o prazer do abraço prolongado! Isto é coisa que se aprende. Por isto, vamos exercitar mais essa coisa do abraço e do beijo afetuoso para dar o exemplo, para que mais pessoas passem a encarar naturalmente essa expressão espontânea de amor com os grandes amigos.

No mais, é sempre muito bom falar sobre as coisas que marcaram a nossa vida. Ao extravasar nossas emoções, podemos nos libertar de nossos medos. Haverá sempre alguém pra nos acolher, pra nos acrescentar algo, pra fortalecer um relacionamento.

Você perdeu um grande amigo aos 20 anos. Mas ganhou agora um outro grande amigo, que tem 60 (e um, a partir de hoje)!

Ah! Valeeeeu a dica para eu comentar o primeiro aniversário do blog. Vou ver se chega inspiração para tanto!

Um abraço,
Tom

Marcia disse...

Lineu
obrigada pela visita no Ideias.
E, se quizer mais amigos, cá estou, não com 20 nem com 61, mas com 64.
Muitas felicidades nas suas buscas.